17 de outubro de 2012

Às vezes...


Às vezes, o diferente torna-se no mais comum possível... As certezas tornam-se incertas e voam com o temporal. As ideias ficam lavadas com a chuva e tudo é mais confuso ainda… As ausências passam a falar o dialeto da mentira e a verdade cai no esquecimento. Às vezes, o Sol esconde-se e o elemento Terra fica inundado de tristeza. O próprio chão, fica sem apoio. Não há qualquer pilar que o sustente, não há qualquer devaneio que o faça sentir-se sólido. Não há forma de medir a profundidade da escuridão que habita neste poço. Sem resgate possível, a luz apaga-se à medida em que as horas passam. Obscuridade. Ignorância. Medo.
As seguranças acabam, derrubam-se as paredes. O partir em rumo do desconhecido. A escolha de direção. E volta tudo à estaca ‘’zero’’. Há um recomeço. Construir, ou tentar pelo menos... Acreditar que mais cedo ou mais tarde, a vontade vai gerar frutos e desses frutos, sairá sumo. Doce sumo esse, cada vez mais doce, a cada fruto espremido. Experienciar tudo de novo… Olhares, cheiros, observar movimentos. Acaba por ser tudo (novamente) saudável. Acaba por ser tudo (novamente) sem controlo. Sentimentos.
Às vezes não se trata dos atos pessoais, mas sim dos que os demais tomam. Refletida ou irrefletidamente. São atos derivados de algo que gerou mudança.
Ponto!


4 de outubro de 2012

Invés


Desligou o candeeiro. Deitou-se. Fechou os olhos. Começou a ver tudo com mais clareza.
Um fechar de olhos. Claridade. Contraditório? Não! Esquivou-se das doces mentiras. Deixou esse abrigo para se alinhar com as custosas verdades. Agora sim, ela conseguia observar a exatidão do lugar onde se tivera metido.
Percebeu que fez uma emboscada a ela mesma. Mas podia ver... E via, com mais nitidez. Tudo agora era mais limpo, mais percetível. Mau, mas percetível. Pior ainda do que alguma vez imaginara… Péssimo, negro, escuro, mas lúcido.
Agora, perdida nas realidades cruéis, sabia que tinha que fazer alguma coisa. Restava-lhe sonhar. Mas sonhar não seria a solução. Ela sabia, ela sentia… Iludir-se, também não estava nos seus planos. Encarar as verdades frias pela frente? Era horrível… Preferia as mentiras suaves em que se afogava durante o dia…
A Noite não lhe dava um minuto de descanso. À noite ela era um bebé acabado de nascer, nu, frágil e com pensamentos que a levavam a sentir-se um tanto ou quanto endiabrada. A Noite trazia-lhe pesadelos, mesmo enquanto acordada. A Noite, era esta, porém, a sua melhor amiga. Ela sabia que a Noite nunca a iria abandonar. Portanto, segura do seu estado de sanidade, podia estar. A Noite era certeza… Certeza do que sentia, do que tinha, do que queria receber, do que poderia dar... A Noite trazia-lhe a certeza de si própria. A Noite, era esta, a exatidão na sua mente, o renascer quotidiano da sua alma. A Noite… Ela só queria a Noite. Gosto ténue de se martirizar.
As horas passavam, começava a amanhecer. Chegava o sono. Mas tinha que se levantar. Vestia-se e punha a máscara. Agora era de dia. E estava tudo bem! Apesar dela não saber o que era tudo. Apesar dela não saber o que era o bem... De mente artilhada, de face renovada. Lá ia ela com o seu pior inimigo. O Dia. O Dia, onde ela sentia que por alguma obrigação tinha que andar, com os olhos abertos, embora estivesse descolada dos sítios por onde passava. Acordada de corpo, adormecida de alma. Olhos abertos, sem ver palmo a frente. Robotizada, entrelaçada em enganos de último acaso…
- Mas que raios... Nunca mais é noite! – dizia ela. 

22 de agosto de 2012

Contradição


Era o medo de perder-te que fazia com que me movesse. Era esse mesmo medo que fazia com que eu parasse. Contraditório? Estagnei. Estagnei-te em mim. O medo de perder-te era tanto que preferi fazê-lo. Afastar-me, deixar-te livre. 
A gaiola está aberta… Podes voar. Sai, vai-te embora e deixa-me aqui, simplesmente a pensar o que seria de mim contigo preso a mim. Vai… Podes ir.
Como eu preciso de ti! Que sem nexo que isto é. O que é isto? Que força é esta?
Não queres sair da gaiola porquê? Tens a porta aberta… És livre. Um livre sonhador. Segue a tua linha, percorre o mundo se necessário. Conhece mil outras espécies, voa, sê feliz, velozmente, à velocidade da luz se assim quiseres. Sai, para eu poder fechar a porta da gaiola, engolir a chave e nunca mais poder abri-la novamente. Abre as asas, bate-as. Tens o mundo lá fora, à tua espera. Quero ver-te sair, porque tenho medo que mais alguém entre nessa tua vida, rodeada de grades de pétalas de flores. Cheiram tão bem… Vai, por favor. Deixa com que esta minha inquietude se vá embora. Faz com que este meu instinto de posse desapareça. 

Não queres ir? Eu deixo que fiques então. Mas vou fechar a porta com o cadeado mais forte que encontrar. Faço-te a vontade, mas quero-te só meu!

31 de julho de 2012

Horas Perdidas. Sentimentos escondidos. Palavras vazias.



Lavei a cara, tudo ficou mais gélido, a tua ausência chegou. Se soubesses o quanto detesto isto todas as manhãs. É sempre o mesmo, sempre a mesma rotina, sempre os mesmos pensamentos. Detesto manhãs. Detesto, detesto-as mesmo!


Hoje acordei com o sabor doce dos teus lábios, apesar de já não os saborear. Acordei com a tua voz entranhada nos meus ouvidos. Ainda tenho em mente todos os teus sussurros... Hoje, quando abri os olhos, vi-te ao meu lado. Que saudades, que espelho da alma... Senti o teu afago enquanto me vestia. ‘’Volta para a cama, fica só mais um bocadinho’’, dizias tu. ‘’Queres partilhar o chuveiro?’’, continuavas.


Tomei o pequeno-almoço. Na minha cabeça, o som da colher a bater na chávena enquanto envolvias o açúcar no café, ainda existia. O som irritante do espalhar da manteiga nas torradas, ainda era uma afronta ao meu mau acordar.


Saí, fui trabalhar. Enquanto dia de trabalho, consegui distrair-me de ti, por segundos apenas. O telemóvel tocou. ‘’É Ele numa das suas mil mensagens a transmitir o quanto me ama. É ele!’’, pensava eu. Lamentavelmente, não eras tu. Já não eras tu há muito tempo… Relativo, subjectivo, que passou a certo quando te foste embora.

O trabalho acabou. Fui directamente para casa olhar as fotografias que de nós restaram. Já nem ali nos completávamos, apesar de todos os sorrisos harmoniosos, e das caretas feias, das expressões apalhaçadas e dos beijos trocados só para ficarem cravados no papel. Já não fazias sentido em mim, porque já não eras parte de mim.

Passei das fotografias para as músicas... Todas elas contavam uma história, faziam com que me lembrasse dum momento específico: Duma tarde à beira mar; dos fins-de-semana passados a namorar ou a discutir. Amor e ódio, andam sempre de mãos dadas, e nós fomos isso… Momentos bons e momentos maus; músicas que faziam  com que me lembrasse dos nossos jantares.  As letras deprimentes que faziam saborear as lágrimas salgadas que me caiam nos lábios; músicas encantadoras que faziam com que eu me transportasse para as noites quentes, passadas a ver estrelas no pátio; Músicas que ouvi quando te conheci. Sobretudo, músicas que absorvi quando foste embora.
Finalmente, cansei-me. Ou infelizmente, será?

Fui jantar. Comi massa, para variar. Aquele toque apimentado, fez-me recordar o quão mal falavas quando sentias o paladar da malagueta.

Agora estou deitada, no meio desta turbulência de emoções. Não sei se contente, se triste. Não sei se eufórica, enérgica ou sem força. Não sei se quero dormir e sonhar contigo ou se quero simplesmente ficar aqui, acordada, a pensar em ti.

Horas perdidas. Sentimentos escondidos. Palavras vazias. 

26 de julho de 2012

Mas se...

Se a quisesses farias tudo por ela. Demonstrarias o quanto a querias. Se a desejasses, matarias o desejo. Se a amasses, teria sido sem pontos finais ou parágrafos. Não terias mudado de linha… Mas ainda foste mais desaforado, quiseste mudar a página.
Se a quisesses ver, ligavas-lhe e combinavas qualquer coisa, nem que fosse à última da hora... Ela desmarcaria qualquer coisa que tivesse combinado, só para estar contigo.
Se a quisesses beijar, ela nunca iria recusar os teus lábios doces. Se a quisesses abraçar, ela nunca iria rejeitar a protecção dos teus braços. Mas não percebeste isso a tempo, e simplesmente, não te importaste.
Disto tudo ela retirou que simplesmente não a quiseste, não a desejaste, não a amaste de verdade. Retirou também que todas as promessas foram em vão e que todos os momentos não passaram de uma grande ilusão.
Agora, apesar de rodeada por pessoas que a querem bem e que realmente gostam dela, apostam nela, fazem o que for necessário para lhe arrancar um sorriso, ela continua parada no tempo, vazia por dentro, porque tem saudades tuas, e faria tudo para te dar um último abraço que fosse. E acredita, ela detesta despedidas…
Lá continua ela, sentada, naquele café, sozinha, a observar os casais apaixonados que passam e demonstram que ainda é possível acreditar no Amor. Ela faz um esforço e imagina que estás com ela, que lhe apertaste a mão e que disseste ‘’Eu vim, e desta vez é para ficar!’’.

Permanecer

Enquanto contigo na cabeça, tudo lhe vinha à memória... Os olhares malandros, os sorrisos apaixonados, os gestos de carinho, as músicas, a tua voz a cantar as vossas canções, as noites passadas a gargalhar, os dias saudosos, a vontade te ter por perto, de adormecer e acordar a teu lado, de dar e receber tudo o que tinhas para receber e tudo o que tinhas para lhe dar. Lembrava-se dos pequenos desentendimentos, das horas que não foram aproveitadas, das noites mal dormidas por não estares ao lado dela, dos dias em que te ausentavas, mas nem isso lhe tira o sorriso do olhar enquanto pensa em ti e te imagina diante dela. Que miragem…
Abre a janela e ouve o teu nome incutido na brisa serena que paira no ar, ouve o teu nome, ouve-a, ela está a chamar-te! Sai de casa, vai encontrá-la! Todos os dias faz o mesmo caminho porque está à tua espera, ainda… Todos os dias tem a esperança de te encontrar seja onde for. Todos os dias ela fica à espera duma mensagem tua. Todos os dias ela pretende que o teu silêncio se quebre.
Enquanto contigo em mente, tudo o que ela pretende é demonstrar, fazer-te sentir, fazer-te amar. Pretende que a ames, que a faças sentir-se amada e que o demonstres.
Todos os dias ela fecha os olhos e sente-te perto dela. É como se nunca tivesses ido embora.

Quanto de ti?

Quantas vezes apagas e voltas a escrever as palavras que queres, e talvez não queiras, que sejam vistas por alguém? Quantas vezes repetes as ideias, por outras palavras, para dar ênfase àquilo que queres transmitir? Quantas vezes reténs a respiração antes de decidires, finalmente, tornar conhecido aquilo que acabaste de passar para o papel? Quantas vezes acabas por não o mostrar e guardas para ti, como rascunho? Quantas vezes simplesmente perdes a cabeça e atiras o papel escrevinhado em direcção ao caixote do lixo com a forma de um coração amarrotado? Quantas vezes enches a cabeça de ideias e ficas apenas tu e os teus pensamentos, diante de uma folha em branco e uma caneta cheia de tinta repleta de vontade de ser gasta, e simplesmente negas-lhe a vontade?
Diz-me… Quantas vezes deixas os teus dedos guiarem os teus sentidos? Quantas vezes imaginas, negoceias em sonhos, realizas desejos impacientes, gritas ao mundo sem sequer teres que abrir a boca?
Fala-me… Das vezes que te vês aflito, sem ponto de partida, sem conseguir alcançar saída. Fala-me das vezes em que és apenas tu e um poço vazio, com uma luz no topo, impossível de alcançar. Diz-me e fala-me. Fala-me das vezes que sentes o cheiro, mas não alcanças o sabor. Sussurra-me os teus pecados, não serei eu quem te irá julgar! Confessa-me as tuas fraquezas.
Quantas vezes foste fraco? Quantas vezes pecaste? E julgar… já julgaste alguém?
Diz-me, o quanto falas em silêncio. Fala-me, o quanto dizes sem dar forma aos lábios. Mostra-me, o que ainda há para ver. De olhos bem fechados, eu continuarei a perceber, e a sentir, e a ver tudo aquilo que me tens para ensinar.
Afinal, quanto de ti tens para me dar?

Mistérios

Encontras uma porta destrancada na casa desconhecida em que acordaste. Tentas perceber o que vai para lá da fechadura e após sentires que está tudo calmo, abres essa porta. Ficas quieto, deixas que os olhos se fechem sobre o escuro que está na sala ‘’do outro lado de lá’’. Sentes o cheiro com mais intensidade. É um cheiro suave, é um cheiro familiar. Abres os olhos, avanças com um dos pés, reticente do que esteja por vir. O cheiro cada vez é mais activo. Não consegues ver um palmo à tua frente.
Já com os dois pés dentro daquela sala desconhecida, paras, ficas imóvel sobre o soalho que rangeu. Tentas encontrar um interruptor, mas simplesmente apercebes-te que é em vão após várias tentativas falhadas.
És tu, o escuro e uma porta, que estava destrancada e que a decidiste abrir. És tu, um cheiro conhecido e dois passos que deste em prol do incógnito. És tu, uma sala escura à tua frente e um corredor às claras atrás de ti.
Perspectivas à parte, duas sortes diferentes.

Irregularidades

Entrou. Fechou a porta. Sentou-se. Perdeu-se. 

Não quero mapear o caminho de regresso, não quero conhecer o que há por vir. Quero ficar aqui. Quero estar quieta. Não me quero mexer. Quero apenas divagar, flutuar nos meus devaneios. Quero sentir que estou fora de cena. Preciso de estar aqui, comigo. Contigo e com os meus pensamentos incorrectos. Quero julgar-me a mim mesma, quero ficar neste lugar. Deixa-me estar nisto, não quero que me eleves. Deixa-me ficar cá, quero ficar. Preciso disto. Mereço-o. Não venhas ter comigo, nem sequer penses em encontrar-me. Não quero que me vejas assim. Quero estar aqui, sozinha. Sai da minha cabeça. Estou farta desta inquietude, desta insegurança que me transmites. Dá-me paz. Deixa-me de uma vez. Vai embora, desaparece!
Preciso de ti. Vai-te embora. A minha paciência está a esgotar. Fica. Ausenta-te. Quero que permaneças. Preciso que te afastes. Resgata-me. Salva-me de ti. Queres ficar? Não respondas. Não me confundas.
Apenas, fica aqui. Sente a minha respiração. Aproxima-te. Estou acelerada. Estou gelada. Estou feliz. Estás aqui. Mas vai-te embora. Não quero que me iludas outra vez. Dá-me a mão, preciso de sentir os teus dedos entrelaçados nos meus. Dá-me um abraço. Quero sentir-me protegida por ti novamente. Dá-me um beijo. Que inferno… Estou a arder!
Desejo-te mais, quero-te mais, amo-te mais, a cada dia que passa.
Não estás aqui. Não há mãos dadas, não há abraços e nem um beijo restou. Desejo-te mais, quero-te mais, odeio-te mais, a cada dia que passa.
Amo-te e odeio-te.
Sai da minha cabeça, deixa de atormentar o meu pobre ser. O meu coração grita para que fiques. Mas que grande confusão. Segue o teu caminho, não me persigas.
Não precisas de pedir permissão para entrar, tal como não o fizeste para sair.
Agarra-te à vida com toda a garra que tens.
Eu continuo aqui à tua espera, mas vai embora. Não voltes. Pelo meu bem…
Eu continuo aqui à tua espera, mas fica. Não fujas de mim. Não por ti, não por mim, mas por nós.
Adeus.
Olá.
Amo-te.

Voltou a si. Levantou-se. Abriu a porta. Saiu.

Karma

Nessas páginas que escreveste, fizeste com que todas as personagens fossem as principais, só que em mundos paralelos. Horas a fio em que descreveste vidas distintas, adaptadas às tuas falsas realidades e à pessoa que lia o livro da invenção que és.
Passo a passo, teceste a tua teia sem te aperceberes que deixaste cair pingas de veneno para trás. Veneno esse que se virou contra ti...
Segues o contrário daquilo que dizes serem os teus ideais. 
Vai gozando enquanto podes, porque um dia irá ser tarde demais!

Momentos



São momentos que ficam gravados com flash's de memória. São imagens que ficam na cabeça e que emergem no coração. São lembranças que podem magoar. São também lembranças que me podem fazer feliz. 

São reflexos do passado.

Noite

É a noite que te deixa vulnerável, é a noite que faz com que tudo tenha um gosto mais doce. 
Gosto de noites frias que me deixem o coração quente e tu sabes fazê-lo da forma mais acertada possível. 
E é quando a noite aparece, que me sinto aconchegada, quase que como nos teus braços. É quando anoitece que consigo ver na perfeição; consigo sentir um toque de ternura no ar e um sopro teu no meu ouvido. É tão boa a sensação!
É a noite que me deixa embrulhada no carinho das tuas palavras e embalada no feitiço que exerces no meu coração. 
A noite é mágica e as nossas noites têm sido muito especiais.
A noite para ti é como que um despertar.

Há sempre dois lados

Não sabia o que era exactamente aquilo, mas sabia que a maré era forte. Bastava apenas fechar a janela, mas preferiu continuar em harmonia com a brisa que pairava naquele quarto. As paredes eram frias, mas o ar abafado. Conseguia cheirá-lo à distância. Sabia que era ele, somente pelo cheiro... Cheiro esse que ainda penetrava os lençóis da cama e todos os móveis obstáculo que os impediam de chegar lá.
Agora, sabia exactamente o que aquilo era. A maré tinha acalmado.
De janela fechada, sem qualquer sinal de brisa, as paredes transpiravam de tanto calor que havia naquele quarto, embora estivesse congelada, paralisada, sentada, exactamente no foco central da divisão. Não tinha sequer olfacto. Não se conhecia a ela mesma... Tudo ali lhe parecia impessoal; nada de recordações, nada de lembranças. Eram apenas móveis e uma cama.
Há sempre dois lados.

Dias chuvosos


Dias chuvosos, em que há um cheiro a terra no ar.
Dias chuvosos em que ela ia para a rua sem qualquer protecção e deixava que cada gota de chuva se entranhasse na sua face.
As lágrimas fundiam-se.
Dias chuvosos, em que ela olhava para o céu e o cinzento ofuscava os seus olhos.
Dias chuvosos em que em torno daquele sentimento não existia mais nada. Chovia, de forma intensa, e a verdade era dela, o sonho era seu.
Chovia, de forma branda, e a certeza era dela, o amor era seu.

2 de junho de 2012

Deitou-se nas memórias que escondia. Adormeceu na lembrança das horas em que se perdeu. Como a carne é fraca... deixou-se levar por um passado ilusório, e deixou-se atormentar pelo fantasma que a recebia de braços bem abertos sempre que ela lhe batia à porta.
Que doentio era aquele ódio que sentia. Que doce era aquele sorriso quando o via. Que intensa era a paixão que sentia. Tão verdadeiro...
Repentinamente, abriu os olhos. Que amargo era o sabor da desilusão. Que triste era a visão do desmoronar do Amor em que um dia acreditou!