26 de julho de 2012

Há sempre dois lados

Não sabia o que era exactamente aquilo, mas sabia que a maré era forte. Bastava apenas fechar a janela, mas preferiu continuar em harmonia com a brisa que pairava naquele quarto. As paredes eram frias, mas o ar abafado. Conseguia cheirá-lo à distância. Sabia que era ele, somente pelo cheiro... Cheiro esse que ainda penetrava os lençóis da cama e todos os móveis obstáculo que os impediam de chegar lá.
Agora, sabia exactamente o que aquilo era. A maré tinha acalmado.
De janela fechada, sem qualquer sinal de brisa, as paredes transpiravam de tanto calor que havia naquele quarto, embora estivesse congelada, paralisada, sentada, exactamente no foco central da divisão. Não tinha sequer olfacto. Não se conhecia a ela mesma... Tudo ali lhe parecia impessoal; nada de recordações, nada de lembranças. Eram apenas móveis e uma cama.
Há sempre dois lados.

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