31 de julho de 2012

Horas Perdidas. Sentimentos escondidos. Palavras vazias.



Lavei a cara, tudo ficou mais gélido, a tua ausência chegou. Se soubesses o quanto detesto isto todas as manhãs. É sempre o mesmo, sempre a mesma rotina, sempre os mesmos pensamentos. Detesto manhãs. Detesto, detesto-as mesmo!


Hoje acordei com o sabor doce dos teus lábios, apesar de já não os saborear. Acordei com a tua voz entranhada nos meus ouvidos. Ainda tenho em mente todos os teus sussurros... Hoje, quando abri os olhos, vi-te ao meu lado. Que saudades, que espelho da alma... Senti o teu afago enquanto me vestia. ‘’Volta para a cama, fica só mais um bocadinho’’, dizias tu. ‘’Queres partilhar o chuveiro?’’, continuavas.


Tomei o pequeno-almoço. Na minha cabeça, o som da colher a bater na chávena enquanto envolvias o açúcar no café, ainda existia. O som irritante do espalhar da manteiga nas torradas, ainda era uma afronta ao meu mau acordar.


Saí, fui trabalhar. Enquanto dia de trabalho, consegui distrair-me de ti, por segundos apenas. O telemóvel tocou. ‘’É Ele numa das suas mil mensagens a transmitir o quanto me ama. É ele!’’, pensava eu. Lamentavelmente, não eras tu. Já não eras tu há muito tempo… Relativo, subjectivo, que passou a certo quando te foste embora.

O trabalho acabou. Fui directamente para casa olhar as fotografias que de nós restaram. Já nem ali nos completávamos, apesar de todos os sorrisos harmoniosos, e das caretas feias, das expressões apalhaçadas e dos beijos trocados só para ficarem cravados no papel. Já não fazias sentido em mim, porque já não eras parte de mim.

Passei das fotografias para as músicas... Todas elas contavam uma história, faziam com que me lembrasse dum momento específico: Duma tarde à beira mar; dos fins-de-semana passados a namorar ou a discutir. Amor e ódio, andam sempre de mãos dadas, e nós fomos isso… Momentos bons e momentos maus; músicas que faziam  com que me lembrasse dos nossos jantares.  As letras deprimentes que faziam saborear as lágrimas salgadas que me caiam nos lábios; músicas encantadoras que faziam com que eu me transportasse para as noites quentes, passadas a ver estrelas no pátio; Músicas que ouvi quando te conheci. Sobretudo, músicas que absorvi quando foste embora.
Finalmente, cansei-me. Ou infelizmente, será?

Fui jantar. Comi massa, para variar. Aquele toque apimentado, fez-me recordar o quão mal falavas quando sentias o paladar da malagueta.

Agora estou deitada, no meio desta turbulência de emoções. Não sei se contente, se triste. Não sei se eufórica, enérgica ou sem força. Não sei se quero dormir e sonhar contigo ou se quero simplesmente ficar aqui, acordada, a pensar em ti.

Horas perdidas. Sentimentos escondidos. Palavras vazias. 

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